Pequena crônica de uma brasa-ileira

quarta-feira, 22 de maio de 2013



Ela canta alto e fala mais alto ainda, quando briga é de megafone para que sua opinião seja escutada na devida intensidade de quem põe pra fora toda mágoa e paixão. Ela é feita de raios de sol e faísca de brasa e não se esfria sem soltar fumaça.

Vivendo entre „icebergs” e flocos de neve, impossível não marcar seu rastro esfumaçando o caminho, fazendo confusão e causando estranhamento por onde passa.

Por que ela queima? Por que deixa rastro?


Enquanto tudo é silêncio, ela quer cantar com o som no último volume, atrapalhando a „paz”.

Por que cantar alto? Por que aumentar o volume?

Não entendem como a pequena faísca pode fazer tanto barulho, não entendem porque gosta mais de quente que de frio e porque sua paz reside no ritmo vibrante. Acham-na exagerada, ela e sua risada alta, seu sorriso constante, que só pode ser falso, e seu urro de raiva quando tropeça ou derruba algo.

O gelo jamais entenderá suas faíscas. A brasa, vem de um Brasil, queima, deixa marca, grita e depois ri bem alto de tudo. Até a maior das fúrias e o pior dos cenários, vira calmaria e motivo de esperanças. Culpa do sangue latino, que irresponsavelmente só vê o lado bom, que se revolta numa grande nuvem de fumaça e depois volta a brilhar nítida e limpidamente.

E se tudo der errado? Não pensa nisso? Não tem planos para o pior?

Não, a brasa só vê luz e vai acendendo tudo por onde passa. Brinca de fazer desenhos no ar até na maior das escuridões. E enquanto o gelo conserva tudo para um futuro mais difícil que possa aparecer, ela consome preocupando-se em tornar tudo mais claro hoje! Afinal, ela vive hoje!

Passa iluminada e satisfeita com a vida como ela é.

-Tudo bem?

-Tudo! – diz com sorriso sincero num dia nublado.

-Quem é ela? – pergunta a terceira pessoa, chocada com o calor da resposta.

-Essa é a brasileira. – cochicham.

-Ahhh, tudo explicado…
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