Coração de serpentina

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Que saudades do carnaval, seu barulho ensurdecedor e alegria contagiante… Aqui na Hungria nada acontece nesses dias, no máximo uma festinha na escolinha para as crianças, mas tudo funciona normalmente. Como pode tudo funcionar normalmente? É carnaval e meu coração brasileiro não vê isso como algo normal...
Sempre tive um carinho especial por essa data mágica, brilhante, colorida, cheia de música e gargalhadas. Eram assim meus carnavais.
Desde pequena mostraram-me esses dias com muito encanto. Minha mãe e minhas tias passavam meses bordando fantasias, especialmente inventadas para nós, os primos inseparáveis. Dançarinas, bailarinas, odaliscas, eram sempre fantasias que nos faziam ansiar cada momento até poder vestí-las, afinal, vestir-se de brilhos e plumas é algo que faz qualquer menininha morrer de encanto… Acompanhávamos cada lantejola que era colocada em seu lugar e fazíamos os planos de como seriam aqueles 2 dias maravilhosos de brincadeira e serpentina na matinê do clube.

No dia, tínhamos direito a maquiagem, coisa que era permitida só naquela data durante  a infância. Cores, brilhos, cabelos, unhas, véus e plumas… Precisava mais? O lado feminino ficava estufado de tanta alegria e orgulho. Fotos, flashs e poses… Nosso „Oscar” pessoal. Desfilávamos e dançávamos como prícipes e princesas, jogávamos muito confeti e serpentina. As folhinhas de confeti lembrávam-me uma chuva de brilho, eu viajava para um mundo de fantasias ao olhar para cima e vê-los caindo lentamente em meu rosto. Cantava alto, muito alto, dançava com meu pai, que fazia palhaçadas para que a diversão fosse ainda maior e no fim do dia, ganhávamos uma medalha do clube, pela fantasia bonita e original.



Fui crescendo e amando cada vez mais essa data encantada. Incapaz de entender quem não gosta.
E carnaval pra mim é isso, brincadeira de criança e felicidade em abundância.
Não é a toa que o brasileiro é um dos povos mais felizes do mundo, o bom humor contagia e nesses 4 dias de folia o brasileiro recarrega todo seu positivismo e nada mais importa, basta saber cantar uma marchinha, nem que seja baixinho, como uma prece, aos que não tem por perto essa epidemia de energia. Eu daqui de longe curto em silêncio, mas com marchinha na cabeça e coração de serpentina… „Quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão…”
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