O circo que caiu...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Na sexta-feria passada fomos ao circo porque tínhamos ganhado descontos. O circo era simples, pequeno, não demos muito crédito a ele antes de entrar, porém sua lona não parecia muito velha, estava arumadinha, o picadeiro era como um palco, um pouco mais alto e também pequeno. Nós sentamos em cadeiras, dessas de plástico branco. Sabia que o tamanho do circo não importava pras crianças e que iriam gostar de qualquer "showzinho" que mostrassem.
E o espetáculo começou... As roupas bonitas e bem arrumadas, muito caprichado, a pesar de seu tamanho. O número de artistas se resumia a 7 pessoas, se não me engano. Mas eles faziam tudo e tudo muito bem feito, números que as crianças ficaram de boca aberta. Eu via a magia do circo em seus olhos fixos, justo meus filhos que não param, estavam atônitos. Quando um homem cuspiu fogo, o Zsombi, meu filho de 5 anos, até soltou um "Ohhhhh", de boca aberta e com as mãozinhas na frente, desacreditado. Aplaudiram muito, cada número. Riram com o palhaço aprontão e se encantaram com os acrobatas e cachorrinhos ensinados. Éramos uma pequena platéia naquele dia de estréia, mas todos sorriam. Meu marido que toda a vida disse ter odiado circos, agora aplaudia a cada número e no intervalo fez questão de comprar muitas rifas, já que sentiu dó de ter pagado tão pouco a eles para entrar. O pequeno espetáculo tomou grande espaço nas nossas lembranças. Quem diria? Um circo desconhecido: Circo Adam. Mas quando eles apresentavam os números, eles faziam de coração, brilhos, lantejolas e magia. Aquelas pequenas famílias fizeram um show de grande circo, alegraram, sorriram do começo ao fim e nos conquistaram.
Depois do circo, Zsombor me levou para jantar, um jantar prometido desde que nasceu o Clube das mães e pais blogueiros, em comemoração às minhas vitórias desde que decidi fazer algo por mim também e não só pela casa, crianças e marido. No jantar voltou o assunto do tal circo, ficamos simplesmente encantados em ver tanto amor pelo que fazem, tanto prazer em divertir, isso simplesmente estava escrito na testa deles: Amo o que faço e faço pra vocês!
E que coisa mais bonita viver para tirar risos e suspiros das pessoas!
Segunda-feira recebo um e-mail do meu marido com o título "circo". Abri feliz, já pensando naquele circo. Era uma reportagem mostrando o circo que foi destruído pelo temporal que havia passado por aqui. Uma vontade de chorar escalou pela minha garganta e um nó ficou ali, segurando o choro em ver aquilo, as lágrimas foram seguradas ao inspirar bem fundo e um tremor passou pelo meu corpo inevitavelmente. Aquela pequena lona azul deitada e o picadeiro a mostra, os ferros retorcidos, num prejuízo simplesmente impagável aos seus integrantes, um valor de uns 50mil reais, que aquelas 4 famílias não teriam. Ninguém se machucou, por sorte, não foi em horário de espetáculo... Mas que espetáculo? Quando eles fariam novamente? Quando poderiam trabalhar novamente? Quem assistiu a reportagem na televisão diz que o dono do circo mal conseguia falar com sua vóz chorosa. E tudo de repente me pareceu tão injusto!
Por que acontece isso com pessoas de boas intenções?
Durante a semana foi algo em que pensei muito, juntando a outros fatos. As pessoas levam tanto tempo pra construir algo, fazem com carinho, pensando em fazer bem, constroem uma reputação e são destruídos num segundo, o circo, um nome, os planos, os sonhos... Seria tão bom ser sempre reconpensado pelos sorrisos distribuídos, os bons pensamentos ali deixados, o amor demonstrado... Tanta gente com dinheiro que pagaria brincando, pelo menos uma pequena parte para que essa família continue seu lindo trabalho, essas pessoas que sempre viveram disso e não por riqueza, simplesmente pelo amor ao trabalho. Se eu pudesse eu os ajudaria! Pensei nisso a semana toda, mas não posso fazer nada, apenas deixo aqui meu texto, dizendo o quanto aquele espetáculo foi especial e o quanto estou torcendo pela volta por cima.
Que o Circo Adam possa levantar a lona novamente para enfeitiçar a todos que tem coragem de ver além da simplicidade, para quem da valor ao sorriso e aos aplausos da criança e que o mundo aprenda a construir junto, colaborar, dar valor e propagar o que realmente importa. 
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