Eu e o monstro

sexta-feira, 29 de julho de 2011

É essa ansiedade que venho sentindo... Ela me persegue e fica em meu calcanhar, tentando me abocanhar, me puxa com suas mãos gosmentas, tirando meu sono e provocando tremores. Tento pensar em outra coisa, mas não dá, está ali: tenho que fazer isso, tenho que fazer aquilo, será que consigo fazer isso e aquilo? Por que não posso fazer tudo com calma e segurança? Será isso mais um produto da minha falta de auto-confiança? Com certeza!
Gostaria de me livrar desse monstro que me persegue(a falta de auto-confiança), me atrapalha demais e segura em muita coisa que quero fazer, põe obstáculos e os deixa de um tamanho assustador. Queria, por exemplo, dirigir. Mas e a confiança? Racionalmente eu sei que não vou sair por aí batendo e atropelando tudo, sei apertar o acelerador e sei  brecar, então qual o problema? Bom, o medo não é racional, quando me coloco atrás do volante vem um pânico repentino, que toma conta de todo o meu raciocínio, ele anestesia meu cérebro e por consequência sinto meus braços formigarem, meu coração se assusta e quer sair correndo pela minha boca, aos galopes, e para que ele não saia, engulo seco e respiro como alguém que está com falta de ar, eu começo a tremer e tenho vontade de chorar e sair correndo. Tudo isso antes mesmo de ligar o carro. Quando ligo, respiro fundo e olho dez vezes pra cada lado, sem tirar o pé do freio, e penso - Tenho que sair, tenho que sair, ai meu Deus, tenho que sair! - E saio quando meu marido fala mais duro: Vai!
 Por quê? Não sei, é assim. Meu marido tem me obrigado a dirigir as vezes, mas odeio! Ele tem fé de que um dia vou agir normalmente, que vou enxergar que o que está nas ruas são carros e não tanques de guerra e que ninguém vem pra bater em mim - todos fazem o possível para não fazê-lo - e que minha neurose vai sumir. Será? Até melhorei, acredite se quiser, antes eu realmente chorava, não só sentia vontade, e as vezes parava no meio de tudo, numa crise de pânico e tínhamos que trocar de lugar. Hoje em dia só penso em chorar e desistir, mas dirijo, é uma grande conquista, eu morro de medo, mas faço. Já cheguei a dirigir em viagem, mas quase petrifiquei meu braço de tão forte que segurei o volante e de tanta tensão. Não houve problemas, mas o pânico não me deixa ver que tudo está indo bem e posso relaxar. É como se um alienígena me roubasse a razão e eu viro um zumbi amedrontado, guiada pelo medo e não por mim. No entanto, não é só essa a causa das minhas ansiedades...
Ultimamente tenho outras razões, outros medos... Começar algo, uma carreira, as vezes me deixa em estado de êxtase, as vezes em pânico total. Algumas vezes estou super animada, outras com vontade de fugir do mundo... Queria tanto ser mais confiante! Eu sei que sou capaz, mas ao mesmo tempo tenho o medo de não ser. Meu marido não vê esse medo e não sei se é normal, talvez seja produto do desconhecido apenas, mas tento não parecer uma louca instável e procuro me segurar nos pontos em que acredito. E eu acredito que posso. Apenas esse medo insensato que não ouve que sou capaz, por mais que eu grite! Ficam as ondas de arrepios, os pensamentos ruins e eu chacoalho a cabeça e digo os prós, numa luta com o monstro alienígena. É uma briga difícil, vai se arrastando por todos os "rounds".
Lembrei-me de quando comecei a escrever no blog. A primeira vez que exponho meus medos e angústias, sonhos e besteiras, tudo o que faz parte de mim, para o mundo poder julgar. Preparei-me para ouvir coisas que não me deixariam feliz, mas elas não vieram. Lembrei daquelas horas que deixei meu texto esperando antes de colocá-lo na net, com o mouse preparado em "postar"... eu imaginei o rosto de cada pessoa que poderia ler o texto e meu rosto ficou vermelho umas mil vezes naquele dia, mas nada de ruim aconteceu. Depois daquela postagem, daquela ansiedade, tudo o que veio foram frases tão boas que só me empurraram para um novo texto e toda semana o mesmo acontecia, empurrando-me para a auto-confiança no que eu faço. Hoje não tenho medo. Sei que tenho o que melhorar, mas sei que assim mesmo muita gente irá me ajudar, seja nos momentos difíceis, seja nos felizes, vou ler o combustível da minha inspiração, os comentários de amigos velhos e novos e até de desconhecidos que nem imaginam o bem que me fazem, o quanto representa a força das suas palavras para essa insegura aspirante a escritora.
Enfrentar a situação é o melhor jeito de sair dela e o único jeito de sair ganhando. Se você não entra no jogo, perde por W.O.. O monstro da ansiedade só pode ser derrotado passando por ele, no meu caso ele sempre está lá, entre mim e o objetivo e não posso dar meia volta, não costumo dar. Sou insegura, mas terrivelmente teimosa e não aceito perder tão fácil. Uma combinação sofrida, mas que já deu muitos resultados. Mais uma vez enfrentar um monstro, mais uma vez só conseguir dormir tarde da noite após desmaiar enquanto leio um livro... E será mais uma vez que chego onde eu quero? Que comece a luta para sabermos quem ganha...
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